Passados mais de
vinte anos, em pleno século XXI, pouca coisa mudara, ou melhor, a repressão
passara a ser através do emblemático veículo blindado do batalhão da polícia
militar, conhecido como ‘caveirão’[1] que faz constantes
incursões nas comunidades locais. Nesse contexto de um autêntico estado de
exceção diário e velado, o Estado invade domicílios (geralmente ocupados por
pessoas de baixo poder aquisitivo), prende suspeitos de envolvimento com o
tráfico, alguma quantidade de droga e apresenta a sua resposta ao acusado
criminoso e ao problema social que representam as drogas. E diante dos grandes
eventos internacionais de promoção cultural dos valores econômicos do capital,
como é o caso da Copa do Mundo de Futebol (2014) e Olimpíadas (2016), o Estado
se obriga a criar planos de segurança pública (UPP´s e congêneres) com o
discurso televisivo diário de legitimação e ainda de paz social ante a tamanha
ausência do Estado-Providência, de viés capitalista, por décadas.
A
institucionalização de um regime de exceção permanente no combate ao inimigo
interno que é bem delineado pela vulnerabilidade, e ainda com um aparato diário
de legitimação do discurso estatal, acaba conseguindo seus fins frente à
própria população passiva e súdita ao discurso pitoresco: ‘direitos humanos para humanos direitos’. E assim vai se
consolidando a cultura do extermínio frente à camada da população desprovida de
acesso aos mais elementares consumos básicos.
Em que pese à dificuldade de espaçamento para o embate ideológico frente
ao aparato legitimador diário existente em prol do poder, o estado real de
exceção precisa ser constantemente denunciado para que não prevaleça uma
ditadura disfarçada, onde estaria a permitir uma violência pura pelos agentes
estatais, dentro do suposto contexto democrático vigente, ainda mais frente à
notória seletividade punitiva da ‘guerra suja’ existente contra as drogas.
[1]Definição do nome popular: Caveirão.
Disponível em:
Fonte: Material monográfico do presente subscritor do Blog.
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